Temer prepara-se para deixar articulação política
Sem autonomia para negociar com base aliada, vice
decide deixar coordenação política. Gesto é encarado por peemedebistas como um
aceno à oposição
Por: Laryssa Borges e
Marcela Mattos,
Desembarque de Temer 'é uma sinalização de que a
oposição pode confiar nele', resume um deputado, vislumbrando a renúncia ou o
impeachment da presidente(Ueslei
Marcelino/Reuters)
O vice-presidente da República,
Michel Temer, prepara-se para deixar a coordenação política do governo, função
que a presidente Dilma Rousseff lhe confiou em abril na esperança de pacificar
a base aliada. Embora não haja prazo pré-determinado para a saída, o marco
temporal estabelecido por Temer era a votação das medidas de ajuste fiscal, que
o Congresso concluiu nesta semana. Uma das reclamações do vice é a falta de
autonomia para tomar decisões em nome do governo e atender aos pedidos de
cargos e emendas dos parlamentares alinhados ao Planalto.
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O gesto de Temer é encarado por
peemedebistas como um aceno à oposição, principalmente depois da manifestação
do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que defendeu publicamente a
renúncia da Dilma como "um gesto de grandeza". "Logicamente, é
uma sinalização de que a oposição pode confiar nele, caso assuma o
governo", resume um deputado, vislumbrando a renúncia ou o impeachment da
presidente.
O timing exato para o desembarque de
Temer das funções de articulador ainda é calculado para que a decisão não seja
vinculada à denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo
Janot contra o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Segundo interlocutores, Temer ainda não discutiu o assunto com a presidente
Dilma Rousseff.
"Que articulador é esse que não
tem autonomia, que não tem decisão nem capacidade de decidir?", avalia um
aliado de Temer, que relata que o vice-presidente está "incomodado"
porque, constantemente desautorizado por Dilma, perderia seu capital político.
"A decisão já está tomada. Só falta definir a data", disse um
deputado peemedebista. Para aliados de Temer, o desembarque deve se dar em
setembro.
Senha
- Outro fator que contribuiu para o desgaste de Temer
e a decisão de deixar a articulação política foi a declaração de que "alguém"
precisaria reunificar o país diante
das crises política e econômica. A manifestação do vice-presidente foi
interpretada por petistas como a senha de que ele próprio estaria se
apresentando para assumir a função.
Aliado de primeira hora do
vice-presidente, o atual ministro da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu
Padilha, que tem acumulado as funções de articulador político, também deve
deixar o posto ainda este mês e se dedicar exclusivamente à pasta de
infraestrutura. Padilha já queria abdicar da dupla função antes do recesso do
Congresso. A situação se agravou depois de o ministro da Fazenda, Joaquim Levy,
barrar a distribuição de emendas parlamentares prometidas por Padilha. O
ministro já conversou com o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, sobre a
saída.
fonte veja
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