No pós-recesso, Cunha ignora apelos e articula
pauta contra o governo
Presidente da Câmara não atendeu pedido da base
aliada para adiar votação de projeto que eleva salários de servidores da AGU e
procuradorias, aumentando gastos públicos em meio à crise econômica
Por: Marcela Mattos, de
Brasília04/08/2015 às 23:49 - Atualizado em 05/08/2015
às 00:15
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
antes da sessão para a votação da MP 665, que restringe o acesso ao
seguro-desemprego, no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília(Marcelo Camargo/Agência
Brasil/Divulgação)
O primeiro dia de trabalhos da Câmara
após o rompimento do presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) com o governo indica
dias duros para o Planalto neste segundo semestre. O peemedebista ignorou o
principal apelo para o adiamento de proposta que aumenta os gastos públicos em
momento de crise econômica e marcou para esta quarta-feira a votação de projeto
que eleva os salários de servidores da Advocacia-Geral da União (AGU) e das
procuradorias dos Estados e do Distrito Federal. Ele ainda articulou a exclusão
do PT das novas CPIs na Casa e agilizou a votação das contas presidenciais pendentes para abrir a análise da
prestação de Dilma Rousseff.
Ao longo de toda esta terça-feira, o
governo articulou para adiar a votação da proposta de emenda à Constituição
(PEC) número 443/09 para o final de agosto. O objetivo era elaborar uma
alternativa que atendesse à reivindicação dos servidores da AGU e dos procuradores
ao mesmo tempo em que conseguisse evitar um rombo para a União. Durante reunião
com os líderes partidários, aliados do governo chegaram a assinar um
requerimento pedindo pelo adiamento da matéria.
O requerimento, porém, foi derrubado
por 278 a 179 votos. Responsável por marcar a votação, Cunha não estendeu o
prazo e agendou já para esta quarta-feira a votação da PEC. Ele ponderou, no
entanto, que o texto não foi votado imediatamente por ter reflexos nos Estados
e municípios. "A gente não pode implicar transferência de encargos para
entes federados que não terão como suportá-los. Que se limite a apreciação de
matérias federativas que tratem da carreira federal, que não se queira impor a
obrigatoriedade de entes que não têm condições pela sua situação que
estão", disse o peemedebista ao anunciar o adiamento.
Cunha tentou se desvincular da
derrota e jogou a culpa sobre a base do governo, que não cumpriu a promessa de
votar pelo adiamento da matéria. Líder governista, o deputado José Guimarães
(PT-CE) reconheceu a traição entre os aliados. "Isso não é falta de
articulação do governo. É falta de fidelidade da base. Nós fizemos o dia todo
articulações com o Michel Temer, os dez líderes assinaram requerimento de
retirada de pauta e na hora alguns não cumpriram o compromisso", disse o
petista. Guimarães ainda adotou um tom de ameaça: "Foi bom esse susto para
dizer o tamanho da base. Daqui por diante ou é base ou não é. Tem que ser base
de manhã, de tarde é de noite. Você acha que é razoável o partido ter um
ministro e a bancada desse ministro votar contra o governo?", continuou.
A proposta que deve ir ao plenário
nesta quarta vincula o salário das carreiras de servidores da AGU e
procuradores ao de ministros do Supremo Tribunal Federal, hoje com vencimentos de
33.700 reais. A remuneração do nível mais alto equivalerá a 90,25% do salários
dos ministros.
Mais
derrotas - Nesta terça, o peemedebista, acompanhado pelo líder
Leonardo Picciani (PMDB-RJ), articulou a exclusão do PT do
comando das CPIs do BNDES e dos fundos de pensão, temidas pelo Planalto. O
plenário da Casa também iniciou a análise das contas presidenciais pendentes, o
que abre caminho para a votação da prestação de contas de Dilma Rousseff,
suspeitas de irregularidades e que serão apreciadas pelo Tribunal de Contas da
União (TCU).
fonte veja
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