Atividade física é menos importante do que dieta para emagrecer/ Em editorial na revista científica British Journal of Sports Medicine, especialistas sugerem que o consumo exagerado de açúcar e carboidratos, e não a falta de exercício, é o principal responsável pela obesidade
As calorias provenientes do açúcar e do carboidrato são as que
mais contribuem para problemas de saúde e aumento de peso pois se transformam
em gordura e dão sensação de fome (Thinkstock/VEJA)
O excesso de açúcar e carboidratos -- e não a falta de atividade
física -- estão por trás da maioria dos casos de obesidade. É o que dizem os
cardiologistas britânicos em artigo publicado no periódico British Journal of Sports Medicine.
A publicação traz uma informação ainda mais impressionante: dietas muito
calóricas causam mais problemas à saúde do que o sedentarismo associado ao
consumo de álcool e ao hábito de fumar.
Para demonstrar a dificuldade do exercício conseguir se sobrepor
à má alimentação, Craig Primack, do Centro de Perda de Peso Scottsdale, nos
Estados Unidos, deu um exemplo ao MedPage Today "Um cookie tem cerca de
100 calorias. Se você comeu três desses cookies, você ingeriu 300 calorias e
para queimá-las, você teria que caminhar 4,8km".
"Nos últimos 30 anos, o que ocorreu foi um rápido
crescimento dos casos de obesidade em geral, sem que se visse uma mudança na
prática da atividade física", diz Aseem Malhotra, um dos autores do estudo
e cardiologista do Hospital Frimley Park, na Grã Bretanha. "Em
compensação, a quantidade de calorias consumida aumentou muito."
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), desde 1980 a
taxa de obesidade na população adulta dobrou. Em 2014, mais de 600 milhões de
pessoas estavam obesos.
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Qualidade e quantidade - A quantidade de calorias em si não é a única culpada pelos casos
de obesidade. O tipo de alimento também é um fator essencial para o aumento de
peso. O problema está fundamentalmente nos açúcares e nos carboidratos. De
acordo com o artigo, a prevalência de diabetes tipo 2 aumenta 11 vezes para
cada 150 calorias adicionais de açúcar consumidas diariamente (o equivalente a
uma lata de refrigerante), em comparação com a quantidade equivalente de
calorias consumidas na forma de gordura ou proteína. "As calorias do
açúcar estimulam o armazenamento de gordura. Já as calorias que vêm da gordura
induzem à saciedade", afirma Malhotra.
Para o endocrinologista João Eduardo Nunes Salles,
vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM),
o excesso no consumo de açúcares e carboidratos representa de fato um grande
problema para a saúde. No entanto, deve-se ficar atento às dietas ricas em
gorduras e proteínas. "O ideal, sempre, é manter uma alimentação com baixo
consumo de açúcar e priorizar carboidratos não refinados e evitar o alto
consumo de gorduras".
Brasileiros obesos - Uma pesquisa divulgada este mês pelo Ministério da Saúde mostrou
que 52,5% da população adulta está acima do peso ideal. Já o índice de
obesidade, apesar de ter se mantido estável nos últimos três anos, ainda é
considerado alto: atinge 17,9% dos brasileiros.
A pesquisa mostrou que, embora o consumo de carne gordurosa e
refrigerante tenha caído nos últimos seis anos, 29,4% da população ainda
consome carne com excesso de gordura e 20,8% da população faz uso de
refrigerantes cinco vezes ou mais na semana. Os alimentos doces permanecem na
rotina de 18,1% da população. A boa notícia é que o número de adultos que
praticam atividade física aumentou em 18% nos últimos seis anos. De acordo com
o ministro da Saúde, Arthur Chioro, se não fosse esse dado, o sobrepeso da
população brasileira poderia seria ainda maior.
Os exercícios são essenciais para a saúde. Isso não se discute.
A prática regular é a chave para prevenir doenças graves, como diabetes,
problemas cardiovasculares e demências. A prerrogativa para uma vida saudável
é, portanto, manter uma dieta saudável com atividades físicas regulares. Não há
fórmula mágica.
fonte veja
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