terça-feira, 11 de novembro de 2014

QUANDO AS MULHERES MAIS CARENTES DEPENDEM DO SUS AI VEM A DEMORA E O SOFRIMENTO

Endometriose: doença atinge mulheres que tentam engravidar depois dos 30

Uma em cada dez brasileiras sofre de cólicas fortíssimas e tem dificuldade na relação sexual e de engravidar. Mais da metade delas não sabe, mas sofre de endometriose, o mal do século entre as mulheres que optaram por ter filhos depois dos 30. A boa notícia é que, com diagnóstico precoce e o tratamento correto, é possível superar a doença. 
Uma em cada 10 brasileiras sofre de cólicas fortíssimas e tem dificuldade na relação sexual e de engravidar. Mais da metade delas não sabe, mas sofre de endometriose, o mal do século entre as mulheres que optaram por ter filhos depois dos 30. Porém, com diagnóstico precoce e o tratamento correto, é possível superar a doença
Há décadas mulherem lutam para ter o direito de retardar a maternidade, investir na carreira e escolher com quem casar. Demorou, mas a sociedade parece ter entendido – só que a natureza não. Nada menos que 6 milhões de brasileiras têm endometriose, a chamada “doença da mulher moderna”, pois acomete principalmente mulheres por volta dos 30 anos, que ainda não têm filhos, trabalham muito e vivem em grandes centros urbanos. O mais assustador é que ela é, hoje, a principal causa da infertilidade feminina.
Todos os meses, por influência dos hormônios do ciclo menstrual, o endométrio (a camada interna do útero) fica mais vascularizado e aumenta de tamanho para esperar uma possível gravidez. Se ela não acontece, o endométrio descama e é eliminado em forma de menstruação. A enfermidade acontece quando algumas células do endométrio, em vez de ser eliminadas, sobem pelas trompas e se alojam em órgãos da cavidade abdominal.
Com o tempo, os locais onde as células “grudaram” se inflamam e viram nódulos, que causam dor. Em geral, eles aderem aos ovários, mas podem atingir também o útero por fora, as trompas, o intestino, a bexiga e, em casos graves, os rins e até o pulmão.
Imagem: DivulgaçãoOs principais sintomas são cólicas fortes e incapacitantes, desconforto intestinal e dor durante o sexo. A doença interfere na fertilidade porque pode impedir a mobilidade das trompas, responsáveis pelo transporte do óvulo ao útero. Se não for tratada, a mulher pode perder os ovários, as trompas, o útero e partes da bexiga e do intestino. Se chegar ao pulmão e aos rins, o risco de morte é enorme.
Uma das principais causas da endometriose é que, hoje, as mulheres engravidam mais tarde e têm menos filhos, portanto, menstruam mais – cerca de 400 vezes contra 40 no início do século 20. Assim, há mais endométrio preenchendo a cavidade abdominal. Estudos recentes apontam para alterações no sistema imunológico, o que também explica a maior incidência em relação a duas gerações atrás.
O estresse também é um elemento importante no desenvolvimento da doença, já que promove picos de adrenalina, substância associada à liberação de estrógeno, hormônio feminino que alimenta as células do endométrio fazendo com que cresçam mais rapidamente. Por tudo isso, é uma doença bem mais comum em cidades grandes.
Procura por um bom médico
Apesar de atingir mais de 170 milhões de mulheres no mundo, a endometriose é desconhecida por mais de metade das brasileiras. Uma pesquisa feita no ano passado pela SBE (Sociedade Brasileira de Endometriose) mostrou que 53% delas nunca ouviram falar na doença. A falta de informação sobre o problema e seus sintomas turbina a curva ascendente do número de casos, mas a culpa pela demora do diagnóstico não é só das mulheres. O desconhecimento do quadro se dá também entre os médicos.
“Uma paciente com endometriose passa, em média, por cinco ginecologistas e demora entre sete e dez anos para conseguir diagnóstico e tratamento corretos”, afirma o ginecologista Sérgio Podgaec, presidente da Comissão Especializada em Endometriose da Febrasgo (Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia). Isso porque a ideia de que “ter cólica é normal” ainda predomina. Mas não é algo normal.
Na maioria dos casos, a endometriose pode ser operada por laparoscopia, uma cirurgia pouco invasiva que permite o acesso ao interior da pelve por meio de uma microcâmera, de bisturis estreitos e uma cânula de sucção, todos inseridos por pequenos “furinhos”.
Plano de saúde e SUS
Além de todo o sofrimento físico e psicológico, muitas mulheres têm de lidar com questões financeiras no combate à endometriose. Uma cirurgia custa entre R$ 15 mil e R$ 20 mil, sem contar as despesas hospitalares. Até o ano passado, muitos convênios médicos se recusavam a cobri-la, alegando que não constava no rol da ANS (Agência Nacional de Saúde).
Em janeiro, porém, a agência incluiu este e outros 87 procedimentos, obrigando os planos a pagá-la. Mas em muitos casos o médico indicado pelos convênios não é especialista em endometriose, o que deixa as mulheres inseguras.
Fora da rede particular, são poucos os hospitais que realizam o procedimento com especialistas. Em São Paulo, os dois principais são o Ambulatório de Endometriose da Unifesp e o Hospital das Clínicas. Em ambos, o serviço é coberto pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
“O atendimento é feito por especialistas e totalmente gratuito. O grande problema é a fila para a cirurgia”, afirma o ginecologista Eduardo Schor, referência nacional em endometriose e coordenador do Ambulatório da Unifesp. “A paciente, depois de ter sua cirurgia indicada, aguarda de 8 a 10 meses para ser operada”, diz. Lá, são atendidas cerca de 30 mulheres por semana e realizadas quatro cirurgias por mês.
Já no HC, o departamento de endometriose é coordenado por outro grande especialista do país, o ginecologista Maurício Abrão. Por semana, o hospital atende em média 60 pacientes no ambulatório e realiza três cirurgias, em média. Como a espera pode chegar a dois anos, os casos mais graves são sempre priorizados. Atualmente, existem cerca de 80 pacientes com indicação para cirurgia.

Fonte: Marie Claire

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Segio Lima Artesanato

 
Template Desenvolvido Blogger
/>