às 5:59
O PT está desorientado. Desorientado
como nunca se viu. Não sabe o que pensar, o que fazer, o que falar. Se a
dianteira do tucano Aécio Neves é de 2 pontos, de 8 ou de 18 — segundo os mais
variados institutos —, isso, não sabemos. Mas ninguém duvida de que esteja à
frente de Dilma — nem os próprios petistas. O PT não larga atrás no segundo
turno desde 1989 (em 1994 e 1998, FHC se elegeu no primeiro). E isso, não tem
jeito, acaba induzindo a erro. Dilma está falando bobagens sobre a
investigação, João Santana erra a mão no horário eleitoral — o do tucano está
muito melhor —, e os terroristas da Internet, atônitos, enfiam as patas
traseiras pelas patas dianteiras, numa escalada de virulência também inédita.
Tudo isso vai caracterizando uma
espécie de vale-tudo e de jogo sujo contraproducente. Neste domingo, Marina
Silva tem tudo para anunciar o apoio a Aécio — algum efeito terá. De todo modo,
parece que a esmagadora maioria do seu eleitorado já migrou para o tucano por
conta própria. Como pano de fundo — e, ao mesmo tempo, protagonista —, o
escândalo de dimensões inéditas na Petrobras. No Nordeste, o candidato do PSDB
vai abrindo trincheiras, com o apoio do família Campos em Pernambuco, com um
Tasso Jereissati senador no Ceará, com um ACM Neto na Bahia.
Dilma e a Petrobras
A candidata do PT está perplexa. Nem a maquiagem nem a marquetagem de João Santana conseguem esconder. Quando alguém, na sua condição, também presidente da República, usa o tempo para criticar a investigação e para acusar perseguição — não nos esqueçamos de que a operação Lava Jato nasceu de uma investigação da Polícia Federal —, eis, então, um sinal de que as coisas vão de mal a pior.
A candidata do PT está perplexa. Nem a maquiagem nem a marquetagem de João Santana conseguem esconder. Quando alguém, na sua condição, também presidente da República, usa o tempo para criticar a investigação e para acusar perseguição — não nos esqueçamos de que a operação Lava Jato nasceu de uma investigação da Polícia Federal —, eis, então, um sinal de que as coisas vão de mal a pior.
Dilma se queixa de “vazamentos
seletivos”. Infelizmente para ela, os depoimentos que já começaram a causar um
terremoto no mundo político — e estamos só no começo — não pertencem àquela
parte da investigação coberta pelo sigilo de Justiça; não integram a fatia de
depoimentos da chamada “delação premiada”.
Não tendo o que dizer, Dilma diz,
então, qualquer coisa e pede que tudo seja divulgado, como se o “tudo” lhe
pudesse ser benéfico. Ora, não nos esqueçamos de que, segundo apurou a VEJA, a
parte sigilosa dos depoimentos atinge, por exemplo, o seu ministro das Minas e
Energia, Edison Lobão, além de algumas cabeças coroadas do PMDB.
Pois é… Paulo Roberto contou tudo. As
diretorias eram separadas em cotas partidárias. O PT tinha a de Serviços, a de
Exploração e Produção e a de Gás e Energia. O PP ficava com a de Abastecimento
— que era a do engenheiro —, e o PMDB, com a Internacional. Cada partido tinha
o seu operador para cuidar do serviço sujo.
Ele deu detalhes de como a coisa
funcionava, por exemplo, na de Serviços, que era comandada pelo petista Renato
Duque:
“A diretoria de Serviços, através da comissão de licitação, ia no cadastro, escolhia as empresas de acordo com a complexidade da obra, de acordo com valor da obra aproximado, que já se tinha ideia etc., e separava as empresas. Então, quem fazia tudo isso era a comissão de licitação interna da companhia, da Petrobras”. Eis aí.
“A diretoria de Serviços, através da comissão de licitação, ia no cadastro, escolhia as empresas de acordo com a complexidade da obra, de acordo com valor da obra aproximado, que já se tinha ideia etc., e separava as empresas. Então, quem fazia tudo isso era a comissão de licitação interna da companhia, da Petrobras”. Eis aí.
Que se note: em nenhum momento Paulo
Roberto nega que ele próprio cometesse também os crimes. Ao contrário: ele
narra a história na condição de um dos operadores. O que Dilma queria? Que os
donos da Petrobras — os brasileiros — fossem privados dessas informações? Por
quê?
O PT nega tudo e tal, mas as provas do
crime estão lá, com a Polícia Federal, com o Ministério Público e com a
Justiça. Na hora em que essa história chegar, de fato, aos engravatados é que a
terra vai tremer. NOTEM QUE, ATÉ AGORA, NÃO SE SABE QUEM ERA O VERDADEIRO CHEFE
DO ESQUEMA. Não se enganem: numa engrenagem como essa, alguém dava a última
palavra e harmonizava os interesses. Quem???
Horário eleitoral
As circunstâncias estão forçando o horário eleitoral de Dilma na TV a ser reativo, tenso, mal- humorado, rancoroso e terrorista. O partido tenta empregar contra a Aécio a tática empregada contra Marina, sem se dar conta de que, de fato, não tirou votos da candidata do PSB com aquela retórica. Embora as pesquisas tenham deixado de apontar a tempo, eles estavam migrando para Aécio — ou voltando para ele, sabe-se lá.
As circunstâncias estão forçando o horário eleitoral de Dilma na TV a ser reativo, tenso, mal- humorado, rancoroso e terrorista. O partido tenta empregar contra a Aécio a tática empregada contra Marina, sem se dar conta de que, de fato, não tirou votos da candidata do PSB com aquela retórica. Embora as pesquisas tenham deixado de apontar a tempo, eles estavam migrando para Aécio — ou voltando para ele, sabe-se lá.
Dia desses, no metrô, ouvi uma conversa
de pessoas simples, sem, vamos dizer, sotaque universitário. Uma das
mulheres dizia à outra: “Cê vai ver: agora o PT vai começar a xingar o Aécio;
eles sempre fazem isso…”. E, de fato, eles sempre fazem isso. E isso era de tal
sorte esperado que há uma boa possibilidade de que ninguém dê bola.
O PT opta pelas piores práticas de
demonização de pessoas e de sua biografia. Transformar Armínio Fraga e FHC em
inimigos do salário mínimo é uma fraude, uma mentira, uma indignidade. Inferir
que o ex-presidente agrediu nordestinos é indecoroso. Eis aí: de fato, a
propaganda de Aécio passou a falar em nome da mudança e da esperança. Ao PT,
restou o exercício do medo, do ódio e do ressentimento.
Faltam 13 dias para o segundo turno. Há
pela frente os debates, que, agora sim, oporão de verdade os candidatos com
chances de vencer a disputa. Dá para dizer que Aécio já ganhou? É claro que
não! Mas já dá para afirmar com absoluta certeza que Dilma perdeu o juízo. Ao
chamar de golpistas os eleitores que se negam a votar nela, evidenciou que, no
fundo do peito, ainda nutre um profundo desprezo pela democracia. Pode ser
inexperiência, né? Afinal, ela venceu até hoje 100% das eleições que disputou:
UMA. Não deve saber que é a derrota que evidencia se o político aderiu ou não
aos valores democráticos — afinal, é só nas tiranias que o mandatário vence
sempre, governanta!
Parte da herança maldita do petismo o
atropelou na reta final da disputa. À diferença de Dilma, eu respeito as urnas,
mesmo quando não gosto do resultado — estou achando que, nesse caso, há uma boa
chance de eu gostar. E, porque respeito, encerro assim: que o eleitor
decida. A democracia existe para que ele exerça a sua soberania, não para que
um partido vire o dono da sociedade.
Por Reinaldo Azevedo
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